sexta-feira, 18 de junho de 2010

Minha primeira vez

Faço aniversário no mesmo dia em que Alex Lifeson.

Para ele, que nem sabe que existo, a importância deste fato é zero.
Para mim é como um trunfo.
Nos aproxima.
É uma razão a mais para gostar de Rush.


Talvez haja um motivo relacionado ao zodíaco que explique a identidade entre a arte da banda, expressão daqueles três caras e eu.

Primeira vez

Tinha 16 anos. Ouvi Rush pela primeira vez. Senti que aquela música era parte de mim. Estivera em minha mente o tempo todo e estava sendo estranhamente revelada.


Vinha do meu inconsciente e se ajustava ao meu ego perfeitamente, dramaticamente.

Mas não era uma música que eu havia feito.

Como poderia?

Estava em mim, mas não era minha.
Estaria em outros também, não sendo obra deles?

Sim.

Então, aquele som não poderia ser uma revelação particular.

Rush é coletivo e exato por ter consigo poderes arquetípicos.

Poderia ser esta uma outra explicação para a devoção dos fãs, espalhados pelo mundo, produtos de distintas culturas e, no entanto, ligados a algo comum.

Liturgia

Os fãs de Lee, Lifeson e Peart são devotos.
Para eles, para nós, Rush é um alimento espiritual, o qual comungamos.

É sempre uma cerimônia onde o sagrado se materializa na potência sonora, na elegância literária e na integridade pessoal dos três.

O rito máximo, para mim, foi estar no show em 2002.

Mas haveria mais.
Sempre há.

A celebração, ontem, ocorreu em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Em sessão única foi exibido o documentário Beyond The Lighted Stage, sobre Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart, sobre o Rush.


Irretocável.

O filme recebeu o prêmio popular do Festival de Tribeca 2010.

Quem é o Rush e quem são seus fãs estão lá.
Billy Corgan, Jack Black e Kirk Hammet são alguns a descreverem a intensidade da experiência de ser um seguidor do power trio canadense.

Outra hipótese

Rush tem importância na formação do meu caráter.
Influenciou meu desenvolvimento na música.
É uma presença confortante.

Outro dia imaginei uma hipótese mística e divertida que esclareceria a relação entre o Rush e seus admiradores.

Distribuídos pelo planeta, os fãs de Rush são espíritos vindos de uma mesma região da galáxia para uma encarnação terrestre. Somos, por isso, um tanto semelhantes em gostos e opiniões.


Somos nerds parecidos, inclusive, com os próprios Peart, Lee e Lifeson.


Desgarrados de nosso canto galático, oculto em algum quadrante mapeado pela astrologia ou pela astronomia, estaríamos sós e melancólicos, afastados de nossa arte.


No entanto, a Sabedoria Cósmica, em sua generosidade infinita, enviou para junto de nós três músicos de nossa esfera-mãe com a tarefa de trazer nossa música, calmante para nossos corações e revigorante para nossos intelectos.

Assim, quando alguém ouve Rush e sente o impacto da revelação, não deve temer.

Ocorreu com você?

Sim, és um de nós.

You can surrender
Without a prayer
But never really pray
Without surrender

Lee, Lifeson, Peart


Rush Official Website

Felicidade tóxica