Há minutos um automóvel teria avançado sobre um policial na região central de Paris.
No Reino Unido as últimas horas têm sido de tensão devido ao ataque à mesquita Finsbury Park, em Londres. Mais um episódio provável de terror em uma sequência que vem abalando a Europa e fazendo o mundo pensar a crise humanitária e a escalada de violência com raízes culturais, políticas, econômicas e religiosas.
Existe uma crise da palavra e nisto sua perda de poder criador de sentido para a realidade e a vida.
É a era das imagens e dos monólogos egocêntricos.
O terror é midiático: imagem.
O terror é monólogo: eloquência do ato não sujeito à réplica dos argumentos.
O mundo que desaprendeu a se reconhecer está criando condições insuportáveis para o convívio.
A primeira ministra britânica, Theresa May chamou do ataque de repugnante e disse que já houve tolerância demais à violência extremista. O autor do ataque à mesquita é um radical europeu motivado por ódio aos muçulmanos.
Significa, isto, que haverá uma reação de que tipo ao terror?
São justamente as políticas globais neoliberais o fermento da massa da violência. Esta razão não se cogita alterar. Não com a profundidade necessária para esvaziar a violência de motivos políticos.
A perda da palavra agrava a situação por não oferecer uma possibilidade de tradução para a crise ou uma solução contratada para ela. Perdendo-se a palavra, interrompe-se o diálogo.
Quando todas as falas estão ocas, o resultado é o vazio, o estranhamento e a consequente selvageria.
A palavra civiliza e se o ocidente, com sua modernidade forjada nos ideais da razão iluminista, perder o poder da palavra rumará para o caminho da justiça pela força, rendendo-se à interlocução da guerra, repetindo fases obscuras da história.
Leia aqui: BBC Brasil
Foto: EPA/ Facundo Arrizabalaga
Capinando eu vou, cuidadoso. Com golpes cavo, arranco, separo. Vou limpando terreno, preparando plantios. Evito pedras, mas não rejeito a terra. Faço jornada na capina do texto semeando frases, germinando ideias, adubando fatos, colhendo provocações. Cultivando a breve flor do momento na longa lavoura do tempo. A linguagem é o mundo.
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