As coisas estão no mundo e precisam uma tradução.
Galeano era um tradutor. Porque escrevia. Escrevia sobre o
que via e da maneira que via. Um escritor é aquele que traduz o mundo cru dos
fatos para a versão da palavra e a deixa registrada para ser, por sua vez,
traduzida por quem as lê. A palavra é versão e também novo fato.
Galeano era um bom tradutor. Pois, os bons são aqueles que com sua maneira de traduzir influenciam as traduções que virão.
Você, eu, qualquer um. Somos tradutores do mundo. E se um dia demos a mão a Galeano para que ele nos mostrasse este mundo por ele traduzido, sabemos o quanto suas palavras foram importantes.
O quanto elas nos inspiraram a traduzir a América, seu povo, seu cotidiano, seus sonhos, sua dor, sua paixão com nome celeste e apelido de gol.
Galeano repousa. Sua presença agora é fato que se cala. Mas, sua palavra é fato eloquente. Galeano está entre nós para ser traduzido, mais uma vez e para sempre. Em cada página ele nos estende a mão e convida. Pois, as coisas estão no mundo e precisam uma tradução. Uma boa tradução.
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